A nossa reportagem esteve neste sábado (23 de setembro), na comunidade do Sitio Riacho do Meio, zona rural distante 18 Km do município de Cajazeiras no Alto sertão da Paraíba. Lá tivemos o privilégio de participar por algumas horas da tradicional moagem e o melhor, tudo feito totalmente de forma rudimentar, onde se fabrica: rapadura, batidas, doce de alfenim e mel de engenho da melhor qualidade.
Uma tradição que há mais de um século é mantida de pai para filhos, envolvendo toda uma comunidade que gira em torno de 100 famílias e quase 500 habitantes. Tudo em prol da permanência de um dos últimos engenhos de cana de açúcar existentes na região do semi-árido nordestino.
Durante o período da moagem, cada trabalhador recebe por diária um valor que gira em torno de R$ 60,00 e R$ 100,00 . O trabalho temporário envolve em torno de 30 pessoas, entre homens e mulheres da comunidade.
Para seu Otácio Pessoa de Abreu, ”a manutenção do engenho é uma questão de honra, até mesmo porque dos 12 que existiam na região, restam apenas dois, ambos situados na comunidade de Terra Molhada e o nosso aqui, no Riacho do Meio”. Seu Otácio ainda lembra bem desde quando o engenho era puxado à carro de boi, até a modernidade com o trabalho sendo feito com energia elétrica.
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Historia dos engenhos pelo Brasil
No Brasil, os engenhos de rapadura existem desde o século XVII, ou talvez antes. Há registro da fabricação de rapadura, em 1633, na região do Cariri no Ceará.
Os engenhos de rapadura eram pequenos e rudimentares. Possuíam apenas a moenda, a fábrica, onde ficavam as fornalhas, e as plantações de cana que, normalmente, dividiam o espaço com outros tipos de cultura de subsistência.
Os grandes engenhos também fabricavam rapadura, mas não para fins comerciais. O produto era utilizado apenas para consumo dos habitantes locais.
Observar a produção de rapadura em engenhos centenários coloca você como testemunha contemporânea do que restou deste Brasil Colonial.
Moendas e fornalhas pouco se modernizaram. Como a rapadura nunca chegou a ser uma mercadoria competitiva como o açúcar, o doce acabou se adaptando à produção regional. Embora os engenhos já não sejam mais movidos à tração animal o processo ainda é rudimentar.
Primeiro a cana é moída e depois levada ao fogo. Os tachos borbulham por horas. O caldo dourado é remexido sem parar. Ao atingir o ponto ideal o “mel” é transferido para outro caldeirão, onde cozinha mais um pouco até começar a se soltar do caldeirão.
A finalização tem que ser rápida para que a “massa” não endureça. Formas de madeira recebem o doce que, em pouco mais de 15 minutos, está pronto para o consumo.


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Edição de vídeo/João Antonio com reportagem de Beto Cezar