João Azevedo vai lidar com o escândalo da Cruz Vermelha de modo a se firmar como liderança política de futuro na Paraíba, ou por gratidão ao ex-governador Ricardo Coutinho, seu padrinho, aceitará o ônus de tentar defender o que parece ter potencial para terminar em grande estrago?
A rebelião na base governista, que terminou com a quebra do acordo para a eleição da Mesa Diretora da Assembleia, foi apenas um inconveniente se comparada ao caso da Cruz Vermelha. Hervázio Bezerra, o preferido de João Azevedo para o 2° biênio, perdeu, mas Adriano Galdino garante manter sintonia com sua gestão.
Por outro lado, as imagens que mostram Leandro Nunes de Azevedo, então assessor da Secretaria de Administração, recebendo de Michele Louzzada Cardoso, em hotel de luxo do Rio de Janeiro, uma caixa, que teria dinheiro segundo a investigação, são fortes.
Se o assessor, que foi demitido a pedido, agiu sozinho, seria a hora de defender os secretários citados, Livânia Farias (Administração) e Waldson Souza (ex-Saúde e atual Planejamento), estratégicos na gestão de Ricardo Coutinho e que poderão dar igual contribuição para João Azevedo. Se não participaram, não deveriam ficar sob suspeição.
Os dois inclusive enfrentaram o vexame de terem suas casas como alvos de buscas e apreensões. O deputado Eduardo Carneiro pediu que fossem afastados dos cargos, para não terem como “destruir provas”.
Para piorar, a ex-primeira-dama Pâmela Bório reafirmou denúncia feita antes de que viu caixa de dinheiro em um armário da Granja.
Contudo, o governo prefere defender a contratação da ONG e apontar que os serviços no Hospital de Trauma melhoraram, no esforço para garantir que o dinheiro foi aplicado e que nenhuma parte foi acrescida e posteriormente entregue a quem quer que seja.
A oposição quer CPI, mas considerando o que aconteceu no caso Empreender, dará em nada. O governo tinha e tem maioria absoluta na Assembleia e não permitirá investigação que pode fragilizá-lo. A posição da base revelará a opção de João Azevedo e a marca que aceitou carregar.
À oposição restará a tribuna para as denúncias e questionamentos. E apoiar a investigação do MP, para que dê as resposta que a Paraíba espera.
Lena Guimaraes/Correiodaparaiba.com.br
05 de fevereiro de 2019