Pneus queimando em algumas ruas, redução da frota do transporte público e discursos inflamados marcaram o que deveria ser dia de “greve geral” na Paraíba, contra a reforma da Previdência. Na falta de algo mais substancioso, as atenções foram concentradas na deputada Cida Ramos (PSB), que usou carro da Assembleia, pago com dinheiro do contribuinte, para bloquear rua enquanto defendia “Lula Livre”.
Cida Ramos vacilou ao considerar que o dinheiro público pode bancar manifestação política, e mais ainda ao tentar defender sua opção. Em nota, afirmou: “O uso do carro seria questionável se estivesse saindo de um motel, não? Criam factoides por falta de terem o que dizer contra a greve”.
O carro é um privilégio, que é pago com o suor de muitos paraibanos, independente de ideologia ou classe social, especialmente considerando que os deputados ganham um bom salário, além das generosas verbas de gabinete. Usá-lo para cercear o direito de ir e vir dos cidadãos, para impedir quem quer trabalhar de exercer o seu direito, é um desrespeito.
Autor da “PEC dos Penduricalhos”, que pretende acabar com privilégios como o de carros para parlamentares e os famosos auxílios creche, mudança, livro, saúde, alimentação, entre outros, o deputado federal Pedro Cunha Lima criticou o uso de carro público para subtrair direito do cidadão que precisava se deslocar e não pode.
Sua ponderação: “O Brasil vive um momento muito difícil. Não é hora de fazer política a qualquer custo. Não é hora de fazer palanque político e ficar contra o Brasil. Lamento muito essa oposição do quanto pior melhor. São 13 milhões de desempregados, uma economia quebrada. Temos que consertar o Brasil”.
O vice-líder do DEM na Câmara, Efraim Filho avaliou que o movimento foi um fracasso e que gerou mais rejeição do que apoio na sociedade. Disse que o tipo de manifestação visto na Paraíba está ultrapassado, pois tenta forçar uma adesão que não existe.
Sua análise: “A sociedade não aceita mais esse caos urbano. As pessoas querem pegar seus filhos na escola, ir trabalhar… As vezes tem urgência de ir a um médico, um hospital… Foi um fracasso, um tiro no pé”. Cida Ramos vai ter que encontrar outro argumento para não ficar com a marca desse dia.
Lena Guimarães/https://correiodaparaiba.com.br