Um dia após conseguir a presidência da Comissão Provisória que vai comandar o PSB, rejeitada pelo governador João Azevedo e pela maioria dos que têm mandatos no partido e já admitem troca de legenda, o ex-governador Ricardo Coutinho vê seu irmão, Coriolano Coutinho transformado em réu em processo que trata de esquema de desvio de dinheiro e propina na Prefeitura de João Pessoa, quando era o prefeito.
Coriolano foi delatado pela ex-secretária de Administração Livânia Farias, que esclareceu para o Gaeco/MPPB a origem de R$ 81 mil apreendidos em 2011, junto com indicações dos beneficiários e respectivos valores, e como o inquérito do caso sumiu.
Livânia contou que Gilberto Carneiro (ex-procurador-geral) propôs e ela concordou em fazer contrato, com dispensa de licitação, com o escritório de advocacia Bernardo Vidal Advogados, para recuperação de créditos tributários. Eles recebiam altos honorários e garantiam aos dois e mais Laura Farias e Coriolano (o dele seria para saldar contas de campanha), pagamentos mensais. O Gaeco estima que o esquema teria causado prejuízo de R$ 49 milhões aos cofres públicos.
A exposição do irmão é mais uma preocupação para Ricardo Coutinho em momento em que terá que evitar uma debandada grande do PSB, a possibilidade de perda do governador do Estado e do presidente do Legislativo, além de deputados, prefeitos e vereadores.
A parte das OS da Saúde – principalmente a Cruz Vermelha – na Operação Calvário, com gravações que provariam destinação de recursos para a campanha de 2014, também é aguardada.
Os problemas são enormes, mas erra quem acha que Ricardo Coutinho está acuado. Em entrevista a Serra Branca FM, antecipou o discurso de contraponto a João Azevedo e seguidores, focado em ingratidão e deslealdade.
Disse que o partido estava se burocratizando e que ficaria pior com Edvaldo Rosas ocupado no governo. Que dará um choque de renovação, e que se nesse processo perder alguns, “tem nada não, perderá gordura, ganhará músculos”.
Ele lamentou a recusa de João e Veneziano de comporem a Comissão Provisória com ele, e disparou: “Quer dizer que eu sirvo para eleger senador, para eleger um governador que há quatro meses da eleição tinha 2% de conhecimento… mas não sirvo para presidir o partido que construí ao longo desse tempo todo?” Esse imbróglio só começou.
Lena Guimarães/Jornal Correio